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quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Projecto Cinema - 1986 | África Minha

 

Fita de filme sobre um fundo branco, representando o tema do projeto sobre os vencedores do Oscar de Melhor Filme, com referência ao vencedor de 1986, África Minha (Out of Africa).

Estou de volta com a série dedicada a todos os vencedores do Óscar na categoria de Melhor Filme. Hoje, vamos destacar o vencedor da cerimónia de 1986: África Minha. Baseado no livro de Karen Blixen, é dirigido por Sydney Pollack, o filme leva-nos a uma África colonial impressionante, onde amor, memória e uma visão intimista da vida no território africano se entrelaçam. Além de revisitar a obra que conquistou a estatueta dourada naquele ano, vamos também discutir os seus méritos artísticos, a abordagem estética e o contexto histórico que o tornaram um marca na história do Cinema. 


Buy Me A Coffee

Na 58.ª edição dos Óscares, África Minha saiu vitorioso, contando de forma épica a vida duma baronesa dinamarquesa que se muda para o Quénia colonial, acompanhando amores, escolhas difíceis e a imponente paisagem africana. Protagonizado por Meryl Streep e Robert Redford, o filme é lembrado pela sua cinematografia ampla, pela direcção elegante e pela banda sonora de John Barry, que lhe rendeu também o Óscar de Banda Sonora Original. Passada na África oriental sob domínio colonial britânico, nas primeiras décadas do século XX, a paisagem é a verdadeira protagonista, com savanas, campos de café, montanhas que se erguem ao longe e o céu vasto que parece não ter fim. O filme retrata, de forma romântica e ambígua, uma época de transição, entre o esplendor duma paisagem quase intocada e as tensões dum sistema colonial que molda relacionamentos, empregos e expectativas para o futuro da região. 


Acompanha todo o desenrolar do Projecto Cinema - Óscar de Melhor Filme 


O filme coloca a relação entre as pessoas e a natureza no centro da experiência, mostrando como a terra, o clima, os animais e as paisagens podem moldar decisões, relações e até identidades. É o encaixe entre um intenso drama romântico com uma visão de grande escala, aproveitando tanto a nostalgia por mundos exóticos quanto a fascinação por histórias de amor, descoberta e autoconhecimento em cenários grandiosos. A recepção inicial foi amplamente positiva entre críticos e público. A actuação de Meryl Streep e a realização de Sydney Pollack receberam elogios consistentes, a cinematografia de David Watkin e a banda sonora de John Barry foram destacadas como elementos de alto nível, e o filme destacou-se como um dos grandes vencedores da temporada de premiações, de forma geral. 


Pôster oficial do filme África Minha (Out of Africa), vencedor do Oscar de Melhor Filme em 1986. A imagem mostra uma paisagem de savana africana ao pôr do sol, com tons quentes, e o título Out of Africa em letras douradas na parte superior, evocando o tema romântico-aventureiro da história.

África Minha conta a história real de Karen Blixen, condessa dinamarquesa que, no início do século XX, vai para o Quénia com o marido para gerir uma plantação de café. Entre a imensa savana, as dificuldades económicas e o isolamento duma vida de estrangeira em território colonial, Karen constrói uma existência disciplinada, marcada pela coragem e pela elegância, mas também pelo desejo de liberdade. O núcleo emocional do filme é o romance com o caçador Denys Finch Hatton, uma relação intensa que desafia as convenções da época e que se torna a verdadeira força motriz de Karen, mesmo diante das responsabilidades e tensões do casamento. 


Destacando-se pela produção de grande escala, o filme combinou locações reais no Quénia com cenários construídos para recriar com verossimilhança o ambiente da África colonial no início do século XX. Interiores e ambientes aristocráticos foram desenvolvidos em estúdios para alcançar o luxo da fazenda e das residências da época, complementados por uma direcção de arte que reforçou o contraste entre a opulência europeia e a paisagem africana. O filme é um exemplo marcante de como elementos técnicos e visuais ajudam a contar uma história. A cinematografia privilegia a vastidão africana com planos abertos e panorâmicas aéreas que capturam a luminosidade dourada das savanas, reforçada pela palete de tons quentes, que transmite a sensação de luz perpétua do continente. 



Além de Melhor Filme, também foi vencedor nas categorias de Melhor Realizador, Melhor Argumento Adaptado, Melhor Fotografia, Melhor Banda Sonora, Melhor Direcção de Arte e Melhor Som. O sucesso foi retumbante, tanto que venceu ainda três Globos de Ouro e três BAFTA e consolidou o seu lugar como um grande marco do Cinema dos anos 80. A obra instaurou uma estética de sonho, que levou a um impacto cultural que vai além da sala de Cinema, influenciando a moda, fotografia de viagem e a percepção popular de África. Os debates em torno desta obra continuam a surgir, sobretudo, sobre a visão romântica do colonialismo e a memória histórica. Portanto, convido-te a ver ou rever este vencedor do Óscar do ano em que eu nasci, que ainda tem muito para entregar, mesmo passados tantos anos, e que proporciona um momento cinematográfico inesquecível. 


Agora, quero muito saber a tua opinião! Já viste África Minha? Que momento mais te marcou? Qual o teu personagem favorito? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 

terça-feira, 19 de agosto de 2025

#Livros - Memorial de Aires, de Machado de Assis

 

Capa do livro "Memorial de Aires" publicado pela Tinta da China: fundo de cor rosa escuro com letras pretas elegantes exibindo o título e o nome do autor, Machado de Assis.

Sinopse

O último romance de Machado de Assis marca o nascimento de uma NOVA COLECÇÃO da Tinta-da-China, dedicada ao melhor da literatura brasileira e coordenada por Abel Barros Baptista e Clara Rowland. Memorial de Aires é o último romance de Machado de Assis, publicado no ano da sua morte (1908). Obra extremamente depurada, é a segunda atribuída ao conselheiro Aires, diplomata aposentado, que apareceu no romance anterior, Esaú e Jacó (1904), onde é personagem e autor ficcional. Agora, escreve um conjunto de anotações quotidianas, o Memorial, nos anos de 1888 e 1889.

No cenário da abolição da escravatura, Aires é uma figura complexa como testemunha e comentador: acompanha o velho casal Aguiar e a sua orfandade às avessas, enquanto na escrita se dedica à bela viúva Fidélia, e se envolve nos meandros divagantes do seu próprio e inesperado desejo. Ao mesmo tempo terno e cruel, o livro oscila entre o apontamento disperso e a narrativa escorreita, sempre contido e conciso, enquanto a sombra discreta do Fausto perpassa melancólica, quase indiferente... 


Buy Me A Coffee

Opinião 

Memorial de Aires é a obra que me permitiu regressar ao escritor brasileiro Machado de Assis, um dos maiores nomes da literatura e de quem já tinha muitas saudades. Publicado em 1908, o livro apresenta-se na forma de um memorial escrito pelo Conselheiro Aires, um personagem que narra as suas memórias e reflexões sobre a sociedade carioca do final do século XIX, além das suas experiências pessoais e políticas. É sempre um deleite regressar à sua linguagem refinada, ironia subtil e profunda análise psicológica, características que permeiam toda a sua obra. Como um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, Machado deixou um legado literário que combina humor, crítica social e uma visão perspicaz da condição humana, consolidando-se como uma das figuras mais importantes da Literatura brasileira, lugar inteiramente merecido. 


O Brasil era marcado pela transição do Império para a República e os movimentos realistas e naturalistas consolidavam-se na literatura. Este Memorial de Aires, reflete uma fase de maturidade do autor, apresentando-se como um romance de memórias, que se foca num período de apenas dois anos, que combina elementos do realismo com uma visão crítica da sociedade brasileira da sua época. Com um narrador em primeira pessoa, que oferece uma visão subjectiva e muitas vezes ambígua dos acontecimentos, revela as suas nuances com humor. O referido narrador é Aires, um aposentado que decide escrever as suas memórias e reflexões sobre a vida e a sociedade onde se movimenta. 


Podes ler também a minha opinião sobre Quincas Borba 


Como personagens principais, além do próprio Aires, temos os seus amigos que contribuem para a trama. Destacam-se o casal Aguiar, idosos sem filhos, que suscitam a amizade de todos que com eles privam e que, no momento que Aires os conhece, protege a jovem viúva Fidélia. Com o seu cinismo, custa a crer a Aires que uma jovem tão bela permaneça fiel a um marido morto e acaba por apostar com a sua irmã que Fidélia voltará a casar, sendo esta aposta o fio condutor destas memórias e que obriga o conselheiro a acompanhar de mais perto a vida desta mulher e da família que a acolhe. É assim que são abordados, de forma subtil, temas de amor, ciúme e as complexas relações humanas. O livro explora estas relações, evidenciando as contradições, as hipocrisias e as estratégias de convivência que permeiam as interações sociais. Machado utiliza uma linguagem irónica e o seu olhar crítico para mostrar como o amor está entrelaçado às dinâmicas sociais, enquanto oferece uma visão realista e ao mesmo tempo delicada do universo emocional dos seus personagens. 


"Deixo aqui esta página com o fim único de me lembrar que o acaso também é corregedor de mentiras. Um homem que começa mentindo disfarçada ou descaradamente acaba muita vez exato e sincero." 


Aqui encontras um retrato do Brasil do século XIX, pelas memórias dum homem que, embora não seja um herói ou uma figura grandiosa, revela-se uma testemunha perspicaz da sua época. A narrativa, conduzida na primeira pessoa, confere uma sensação de intimidade e confidência, como se estivéssemos a conversar com o próprio Aires, ouvindo as suas histórias e observações com atenção. A linguagem é elegante, repleta de subtilezas e ironias que Machado de Assis domina com maestria, deixando transparecer um humor discreto. Assim, com a sua prosa refinada, o autor constrói um quadro de memórias e reflexões, onde o humor e a melancolia caminham de mãos dadas, revelando a complexidade do personagem que, entre devaneios e lembranças, procura compreender-se e compreender o mundo ao seu redor. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre A Mão e a Luva 


No fundo, Machado apresenta uma visão perspicaz e sempre irónica da sociedade brasileira do século XIX, enquanto nos revela as suas contradições, vaidades e hipocrisias. Com o seu personagem e narrador, evidencia a influência do passado aristocrático, a lentidão das mudanças sociais e a manutenção dos valores tradicionais, muitas vezes vazios. Faz, deste modo, uma crítica à superficialidade das relações sociais e à procura por status, revelando uma sociedade marcada pelo conservadorismo, pela desigualdade e pela resistência às transformações. É assim que a sua visão revela tanto o atraso quando a complexidade do Brasil daquele período, destacando as nuances e as fissuras duma sociedade em transição. Como sempre, Machado demonstra uma notável profundidade psicológica ao retratar os seus personagens. Essa complexidade é evidenciada pela forma como as suas emoções, desejos e dúvidas se entrelaçam. 


"Quero dizer que, cansado de ouvir e de falar a língua francesa, achei vida nova e original na minha língua, e já agora quero morrer com ela na boca e nas orelhas." 


Mais uma vez, Machado não desilude e proporcionou uma leitura rica e envolvente, marcada pela narrativa inteligente e irónica que já lhe conhecemos. A obra consegue misturar o humor com a crítica social, despertando no leitor uma sensação de admiração pela perspicácia do autor. É uma leitura agradável e instigante, acompanhada do retrato dos valores e comportamentos da sua época. Afinal, ler Machado de Assis é sempre um estímulo para o pensamento crítico e para a compreensão das complexidades do comportamento humano, não fosse este autor incontornável na literatura brasileira e para a língua portuguesa. Esta é uma obra da fase madura do autor, pelo que aconselho que comeces pelas anteriores, talvez até alguma das mais conhecidas, para melhor entender o seu estilo e as temáticas recorrentes, e começar o vício que é ler Machado de Assis. 


Agora, quero muito saber a tua opinião! Já leste este livro? O que achaste deste livro invulgar? Qual personagem mais te marcou? Costumas ler Machado de Assis? Qual o teu livro favorito deste autor? Conta-me tudo nos comentários! 


Encomenda o teu exemplar através dos links abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribui para as próximas leituras deste blog


Wook | Bertrand 

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

#Viagens - Roteiro de Viagem: Vila Viçosa & Elvas

 

Uma mulher de chapéu de palha de costas, com a cabeça fora do carro em movimento, na estrada que conecta Vila Viçosa e Elvas, durante uma viagem de dois dias pelo interior de Portugal.

Hoje, venho partilhar a minha experiência de dois dias a explorar as encantadoras Vila Viçosa e Elvas, no coração do Alentejo. O objectivo é revelar as belezas, a História e a cultura destes destinos, proporcionando uma visão das atracções, monumentos e momentos marcantes que vivi durante a minha viagem, a primeira que fiz sozinha e que serviu para cumprir uma das minhas resoluções para 2025. Espero, assim, inspirar-te a descobrir estes tesouros portugueses, repletos de charme e História, bem perto de nós, perfeitos para uma escapadinha de poucos dias, sem nos levar à falência. Ambos os lugares são reconhecidos pelo seu património, sendo que Elvas é considerada Património Mundial pela UNESCO, o que os torna destinos imperdíveis para quem deseja explorar a herança do Alentejo. 


Buy Me A Coffee

Antes de embarcar nesta viagem, as minhas expectativas estavam muito elevadas, especialmente pelo charme histórico e cultural que a região oferece. Escolhi estes destinos pela sua rica herança arquitetônica, as suas fortalezas e fruto da influência da leitura do livro Filipe I de Portugal, de Isabel Stilwell, a melhor escritora portuguesa de romances históricos. Depois, vi o vídeo do Paulo Rezzutti sobre o Paço Ducal e fiquei com ainda mais vontade de visitar este lugar. Como o alojamento em Vila Viçosa era muito caro, optei por seguir para Elvas em busca de alojamento mais acessível, pela proximidade entre os dois lugares e até a sua relação histórica. 


Dia 1: Vila Viçosa


Ao chegar a Vila Viçosa pela manhã, fui imediatamente envolvida pela sua atmosfera encantadora e luminosa. As ruas estreitas convidam a uma caminhada tranquila enquanto a vista do Castelo, imponente no horizonte, despertam uma sensação de curiosidade. A vila exala um charme antigo, evidenciado pelos detalhes arquitetônicos das suas casas e pela vibração pacífica que parece envolver cada canto. Logo nesse primeiro momento, percebi que Vila Viçosa é um lugar onde o passado e o presente se encontram harmoniosamente, prometendo uma experiência rica em descobertas e encantos históricos. 


Paço Ducal de Vila Viçosa

Uma das principais atracções, que me motivaram a visitar esta vila, foi o Paço Ducal, um magnífico exemplo da arquitectura barroca e renascentista, e que foi a primeira paragem que fiz, assim que cheguei. As salas, decoradas com móveis antigos, tapeçarias e obras de arte, oferecem uma visão fascinante do estilo de vida da nobreza portuguesa em diferentes épocas. Além disso, os jardins ao redor do palácio, ao estilo de Versalhes, ajudam a tornar a visita uma experiência ainda mais inesquecível. O Paço é um marco histórico de grande relevância na região, tendo sido residência dos duques de Bragança desde o século XVI, só deixando de ser quando D. João IV sobe ao trono português. Construído inicialmente em estilo renascentista, o palácio foi posteriormente ampliado e renovado ao longo dos séculos, refletindo as transformações arquitectónicas e culturais de cada época. Com várias colecções no seu interior, que também podem ser visitadas, permite aos visitantes apreciar a grandiosidade e a herança cultural do período. 


Fachada do Paço Ducal de Vila Viçosa com detalhes arquitetônicos clássicos e jardins bem cuidados ao redor, sob um céu claro.

Igreja de São Bartolomeu

Em seguida, e antes de parar para almoçar, segui até à Praça da República e fui explorar a Igreja de São Bartolomeu, também conhecida como Igreja de S. João Evangelista. Situada no coração do centro histórico, esta Igreja é um exemplo impressionante da arquitectura religiosa do século XVII, com a fachada principal revestida de mármore local, com planta em cruz latina, nave única com capelas laterais, transepto e ampla capela mor, alçados revestidos de azulejos azuis e brancos e um grande retábulo de talha dourada. 


Fachada da Igreja de São Bartolomeu em Vila Viçosa, com detalhes arquitetônicos tradicionais e elementos religiosos, sob um céu claro.

Após esta visita, no início da Praça, fui dar um passeio por este centro histórico de Vila Viçosa, onde fiquei encantada com a beleza e a riqueza arquitectónica da vila. Repleta de cafés e lojas tradicionais, encontramos um ambiente perfeito para apreciar a cultura local e contemplar o charme típico deste Alentejo. Junto à Câmara Municipal, está o Posto de Turismo, onde entrei para pedir aconselhamento sobre onde almoçar. A funcionária, muito simpática, forneceu várias sugestões interessantes e ainda me ofereceu um mapa da cidade, onde estão identificados as diferentes atracções, algumas que desconhecia por completo. Portanto, se estiveres a pensar visitar este região, aconselho-te que passes pelo Posto de Turismo, porque vais ser muito bem recebida e obter dicas preciosas. Uma das opções mais acessíveis estava fechada para férias, a outra não me senti muito bem recebida, por isso, acabei por escolher almoçar na esplanada do Restauração, onde fui muito bem atendida, comi bem e pude desfrutar do ambiente fantástico daquela Praça, onde podia facilmente viver. 


Castelo de Vila Viçosa

Depois de almoço, fui explorar o magnífico Castelo de Vila Viçosa, uma fortificação que remonta ao século XIII e que oferece vistas deslumbrantes da vila e do seu entorno. O castelo revela a História da região e o papel estratégico que desempenhou ao longo dos séculos na defesa do país. Além disso, visitei o Museu da Caça e de Arqueologia, localizado na alcáçova do Castelo, também pertencente à Fundação Casa de Bragança, que alberga uma interessante colecção de artefactos que remontam às épocas romana e medieval, bem como instrumentos de caça e animais embalsamados. 


Castelo de Vila Viçosa com suas torres medievais e muralhas, sob um céu claro, destacando-se na paisagem histórica da cidade.

Igreja de Nossa Senhora da Conceição

Por fim, ainda dentro do recinto do Castelo, fui visitar a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, uma das joias da região. Este templo, edificado no local onde o Condestável Nuno Álvares Pereira mandou edificar a ermida de Santa Maria do Castelo, impressiona pelo seu estilo e pela beleza dos seus detalhes ornamentais. A santa foi coroada rainha e padroeira de Portugal por D. João IV e, desde então, os nossos reis deixaram de usar coroa, que passou a ser posse exclusiva de Nossa Senhora, neste que será o Altar de Portugal e o Trono da Rainha. 


Fachada da Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Vila Viçosa, com detalhes arquitetônicos religiosos e um céu claro ao fundo.

Inicialmente, o meu plano era ficar alojada em Vila Viçosa, mas confesso que, por ser um lugar mais pequeno, a oferta não é muita e os preços são um tanto ou quanto salgados. Vi alojamentos incríveis, mas não se enquadravam no meu orçamento. Assim, bem perto, estava Elvas, Património Mundial da UNESCO, com um centro histórico fascinante e muitos alojamentos acessíveis e bem localizados. A viagem foi rápida, com uma estrada bem conservada e que oferece belas paisagens do interior alentejano, tornando trajecto ainda mais prazeroso. Esta facilidade de acesso permitiu aproveitar ao máximo o dia e explorar com calma as atracções de ambas as cidades. 


Podes ver também 5 dicas para fazer férias sem estourar o orçamento


Dia 1: Elvas


Ao chegar, então, a Elvas, fui imediatamente cativada pela sua imponência histórica e pela atmosfera de cidade fortificada. As muralhas e as fortificações de granito revelam uma cidade que guarda séculos de História e resistência. As ruas estreitas e o centro antigo transmitem um charme antigo, convidando a explorar cada recanto. À minha espera estava a recepcionista do alojamento, que me aconselhou onde estacionar, me foi buscar e me acompanhou até ao espaço, numa rua onde não passam carros, o que logo prometia paz e sossego para a estadia. Depois de fazer o check-in com a simpática Margarida, pude instalar-me no quarto, pequeno, limpo e acolhedor, arrumar a bagagem e logo tratei de ir dar uma volta pelas redondezas para aproveitar ao máximo esse primeiro dia. 


Torre Fernandina

A primeira atracção que me surgiu foi a Torre Fernandina, um dos marcos mais emblemáticos da região. Esta torre histórica remonta ao período medieval e oferece uma vista privilegiada sobre a cidade, embora não tenha sido possível visitar desta vez, por se encontrar temporariamente indisponível. É uma construção do século XIV, alteração feita à segunda cerca islâmica que servirá, a partir de finais do século XV, como cadeia. 


achada da Torre Fernandina em Elvas, mostrando sua arquitetura militar histórica com detalhes em pedra e ameias, destacando-se contra o céu azul.

Igreja de São Domingos

Em seguida, desci uma zona pedonal repleta de lojas típicas, cafés e restaurantes, e dei por mim junto à Igreja de São Domingos, uma verdadeira joia arquitectónica e cultural da região. Foi fundado em 1267 e sofreu várias alterações a partir do século XV. Funcionava em São Domingos um convento, mas também uma albergaria e um hospício, demolido durante as Guerras da Restauração. Em 1834, após a extinção das ordens monásticas, o que restou do convento foi secularizado ao albergar um quartel militar, e hoje faz parte do Museu Militar de Elvas. Infelizmente, não consegui visitar o seu interior desta vez. Lá terá de ficar para uma próxima visita. 


Fachada da Igreja de São Domingos em Elvas, com detalhes arquitetônicos em pedra e um céu claro ao fundo.

Durante este pequeno passeio pelo centro histórico de Elvas, pude apreciar a rica herança cultural da cidade. Depois de descer quase até ao Museu Militar, o que custou foi subir de novo até à zona do alojamento, bem perto da Praça da República. O calor era muito, mas nas ruas existiam repuxos de água junto aos edifícios que ajudavam a refrescar o ambiente e tornavam o passeio muito mais agradável, mesmo nas horas de mais calor. No final da tarde, regressei, então, ao alojamento e optei por encomendar o jantar, por pura preguiça. Ainda por cima, o espaço incluía uma cozinha com frigorifico, micro-ondas e com café e chá grátis, além duma agradável zona de refeições. Portanto, na primeira noite, fiquei no quarto, a descansar do muito que caminhei ao longo do dia e a desfrutar do fresco do ar condicionado, depois de tomar um banho revigorante. 


Dia 2: Elvas


No dia seguinte, acordei cedo, tomei café no alojamento e fumei o meu cigarro, antes de partir para mais um dia à aventura para descobrir os encantos de Elvas. Na noite anterior, já tinha reservado o pequeno almoço através da Too Good To Go, e sabia que tinha de apanhar a minha box no Vila Galé às 10:30. Como tal, organizei a direcção a seguir tendo isso em consideração. 


Muralhas Seiscentistas 

Já no primeiro dia, naquele primeiro passeio, consegui vislumbrar as Fortificações de Elvas, mergulhando na grandiosidade das suas impressionantes estruturas militares. Estas fortificações, construídas com uma arquitectura robusta e detalhada, representam um exemplo notável da engenharia militar da época, projetadas para proteger a cidade de invasões, e reforçadas ao estilo holandês durante a Guerra da Restauração. Hoje, são um exemplo original do século XVII que no seu estado de autenticidade são únicas no mundo, pelo seu elevado estado de conservação, além de proporcionarem uma vista panorâmica muito especial. 


Muralhas seiscentistas de Elvas, mostrando suas robustas paredes de pedra e torres de defesa, com o céu aberto ao fundo.

Pelourinho + Porta do Tempre + Igreja das Dominicas

Entretanto, chegada ao Largo de Santa Clara, encontramos vários pontos de interesse. Primeiro, o Pelourinho, originalmente encontrado na Praça da República, colocado no século XVI, erigido em mármore, ao estilo manuelino. Entretanto, foi destruído e só em 1940 é reconstruído, utilizando as partes originais, a partir duma gravura, e colocado neste novo local. Numa ponta do Largo, encontramos a Porta do Tempre, também conhecido como Arco do Dr. Santa Clara, que faz parte da primeira cintura árabe. No outro extremo, existe a Igreja das Dominicas, que fazia parte do convento de freiras dominicanas, onde nasceu um dos mais célebres doces da cidade, a ameixa de Elvas. O Convento foi demolido, mas ainda podemos visitar esta bela Igreja com planta octogonal, total revestimento a azulejos do século XVII, a capela-mor quinhentista e as capelas laterais em talha dourada. 


Pelourinho de pedra, antigo e imponente, localizado na praça central de Elvas, com detalhes arquitetônicos tradicionais e ao fundo o edifício histórico da cidade. Porta do Tempre, antiga entrada fortificada da cidade, com arcos de pedra e detalhes medievais, destacando-se na muralha de Elvas.

Igreja de Santa Maria de Alcáçova 

Passada a Porta do Tempre, chegamos ao Largo da Alcáçova, onde se encontra esta Igreja, na zona mais antiga da cidade. Foi construída no século XIII, no local onde se encontrava a principal mesquita de Elvas. Começou por ser pertencente da coroa, que a doou à Ordem de Avis em 1303. Não consegui entrar, infelizmente, pois quando por lá passei estava fechada, mas sei que a entrada é gratuita. 


Igreja de Santa Maria de Alcáçova em Elvas, com sua fachada histórica e detalhes arquitetônicos tradicionais, sob céu claro, durante minha viagem de dois dias na região.

Castelo de Elvas

No ponto mais algo da cidade, vais encontrar o impressionante Castelo de Elvas, uma obra de fortificação islâmica. Este foi o palco de importantes acontecimentos da nossa História, como tratados de paz, trocas de princesas e banquetes de casamentos reais. A entrada é gratuita, mas tem de se pagar para subir e percorrer as muralhas. No exterior, há um miradouro extraordinário que proporciona vistas panorâmicas sobre a envolvente, que vale muito a pena espreitar. 


Castelo de Elvas com suas muralhas imponentes, destacando-se sob um céu claro, evidenciando sua arquitetura histórica e a fortificação que domina a paisagem.

Igreja de Nossa Senhora da Assunção

De volta à Praça da República, não podia deixar de visitar a Antiga Sé de Elvas, a Igreja de Nossa Senhora da Assunção. É a principal Igreja de Elvas, com um carácter fortificado, com uma torre como fachada. Originalmente manuelino, foi sofrendo alterações ao longo dos séculos, recebendo outras influências, onde se destaca a capela-mor e o grandioso órgão de tubos. 


Fachada da Igreja da Nossa Senhora da Assunção em Elvas, com arquitetura histórica, detalhes em pedra e portas de madeira, sob céu claro.

Igreja de São Lourenço 

Por fim, terminei o dia na Igreja de São Lourenço, referida nos documentos históricos desde 1332, embora este edifício tenha sido edificado no século XVI. No exterior logo se destaca o painel de azulejos do século XIX, com a representação de São Lourenço. Mais uma vez, não consegui visitar o interior, embora seja possível. 


Fachada da Igreja de São Lourenço em Elvas, destacando sua arquitetura histórica com detalhes em pedra e torre sineira, sob céu claro.

Durante este meu passeio ficaram evidentes as riquezas culturais que Elvas nos proporciona e fiquei convencida do quanto acertei com esta escolha para pernoitar. Claro que o calçado confortável é essencial, e mesmo assim, não me livrei de uma ou outra ferida ligeira. É uma cidade que convida a andar a pé, e que, em cada esquina, esconde património e História. Naturalmente que, quando cheguei, também procurei o Posto de Turismo, localizado na Praça da República, para obter mais informações e conselhos. Gratuito só mesmo o mapa digital, porque o físico custa 1,50€. Depois, manifestei a intenção de fazer a visita guiada ao Forte de Nossa Senhora da Graça, mas foi-me dito apenas que estava sujeito a disponibilidade, sem qualquer outro detalhe que me permitisse perceber se iria conseguir dentro do tempo da minha visita à região. Uma pena, porque gostava muito de lá ter ido, mas terá de ficar para uma próxima e não fiquei com muita vontade de voltar a pedir conselhos neste Posto de Turismo. 


Podes ver ainda a minha visita à José Maria da Fonseca


Dia 3: Elvas


Depois do merecido descanso, e ainda bem que optei por ficar a descansar em vez de fazer a viagem de regresso depois do longo passeio, chegou o último dia e a hora de voltar a casa. Mas, antes desse regresso, ainda houve tempo para mais um pequeno passeio de manhã. 


Ermida de Nossa Senhora da Conceição

À saída da cidade fortificada, temos a Porta da Esquina e no seu topo foi construída, no século XVII, a Capela de Nossa Senhora da Conceição. O templo, com uma planta semi-esférica, foi alvo de modificações nos séculos seguintes, mas continua a destacar-se na paisagem e só lamento que estivesse fechado o seu interior. 


Imagem da Ermida de Nossa Senhora da Conceição em Elvas, com sua arquitetura tradicional, situada em um ambiente tranquilo e rodeada por vegetação, refletindo a história e a religiosidade da região.

Aqueduto da Amoreira

Por fim, à saída da cidade muralhada, conseguimos ver o monumental Aqueduto da Amoreira, obra que contribuiu para o crescimento e desenvolvimento da cidade, colmatados os problemas de abastecimento de água. Desenvolve-se numa extensão de mais de cinco quilómetros que chegam a superar os 30 metros de altura. 


Vista do Aqueduto da Amoreira em Elvas, mostrando seus arcos históricos de pedra que se estendem ao longo do horizonte, com o céu azul ao fundo.

Saída da bolha da cidade velha, começamos a ver a cidade que cresceu fora dos muros e que, durante dois dias, esteve fora do meu alcance, como se tivesse feito uma viagem no tempo. Assim, chegou o momento de me despedir e iniciar a viagem de regresso a casa. Foi incrível perceber que posso, consigo e gosto de viajar sozinha e acredito que muito tenha contribuído esta atmosfera tranquila, a beleza arquitectónica e a hospitalidade local. Foi uma oportunidade incrível para explorar o património português, desfrutando de momentos de descanso e descoberta num cenário de grande charme. 


No entanto, tenho consciência de que ficou por ver muita coisa, as quais vou listar abaixo, pois pode ser do teu interesse conhecer estes lugares e também porque, no futuro, quero voltar e assim já sei onde tenho de ir. 


Outros locais a visitar em Vila Viçosa e Elvas: 

  • Igreja dos Agostinhos
  • Colecção de Coches
  • Casa Florbela Espanca
  • Museu Militar de Elvas
  • Forte de Nossa Senhora da Graça
  • Museu de Arte Contemporânea
  • Casa da História Judaica


Nas próximas semanas, conto explorar mais alguns dos lugares que visitei, onde poderei contar melhor a sua história, importância e dar uso às muitas fotos que tirei nestas visitas, bem como mais detalhes sobre onde comi e onde dormi. Se queres visitar estes lugares, planeia a tua viagem com alguma antecedência, para aproveitares ao máximo e encontrares os melhores preços nos alojamentos. Não deixes de experimentar a gastronomia local e de verificar os horários de funcionamento das atracções que mais te interessam. 


Mas agora quero muito saber a tua opinião! Já visitaste Vila Viçosa e Elvas? Conheces esta região do Alentejo? Quais os lugares que mais gostaste ou que mais ficaste com vontade de conhecer? Tens alguma sugestão a acrescentar? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 

terça-feira, 12 de agosto de 2025

#Livros - Madre Paula, de Ricardo Correia

 

Uma ilustração moderna de uma freira com batom vermelho vibrante, vestida com o hábito tradicional, em um estilo artístico contemporâneo que combina elementos clássicos e modernos, destacando-se na capa publicada pela Ego Editora.

Sinopse

Em 1718, Paula Teresa da Silva e Almeida ingressa no Mosteiro de Odivelas. Filha de um ourives de ouro fornecedor da Casa Real, a bela jovem, pouco dedicada à vida religiosa, rapidamente capta o interesse do próprio rei de Portugal, dom João V. Apaixonada e ambiciosa, Paula vê a sua vida complicar-se ao ganhar a inimizade da rainha, que cedo descobre o romance entre esta e o marido. Manipulada pelos inquisidores lisboetas, torna-se o instrumento perfeito para espiar a corte e o rei, mas a jovem, que ficaria conhecida como Madre Paula, tem objetivos mais ambiciosos. Amante do rei, mãe de um filho bastardo, que se tornará inquisidor-geral de Portugal, religiosa no Mosteiro de Odivelas, Madre Paula é uma das mais influentes mulheres no seu tempo. Mas quem é que esta mulher foi na realidade? 


Buy Me A Coffee

Opinião 

Madre Paula é uma obra que se propõe retratar o romance que marcou a vida da freira de Odivelas com o rei D. João V, oferecendo uma perspectiva histórica e ficcional sobre este episódio singular da História portuguesa e que tanto me fascina. Ricardo Correia, é um escritor e investigador que se tem dedicado ao romance histórico desde 2017 e foi a minha estreia com a sua obra, com o seu livro que mais curiosidade me despertava. Mais do que interessar-me pelo romance proibido, que na época era comum, sobretudo com este rei que adorava seduzir freiras, fascina-me esta mulher misteriosa, que quase ficou perdida entre as inúmeras amantes do rei e mães dos seus bastardos. 


Assim, toda a trama é marcada pela relação clandestina entre Madre Paula e o rei, enquanto são explorados os segredos e conflitos internos desta mulher, que, apesar do seu voto de castidade, se vê envolvida num romance proibido com o monarca. Ao longo da narrativa, revela-se o impacto desta relação na vida de Madre Paula, bem como as tensões entre o desejo pessoal e as convenções sociais da época. Passado no século XVIII, sob o reinado de D. João V, o nosso rei sol, reflete a opulência da corte, o poder da Igreja e a centralidade do monarca na vida nacional. Os principais cenários são o convento de Odivelas e os palácios de Lisboa, onde o romance se desenrola numa atmosfera de segredo, moralidade rígida e interesses políticos. 


Podes ler também a minha opinião sobre Vera Cruz 


Ricardo Correia constrói uma narrativa que entrelaça o fervor religioso com os segredos dum amor proibido, onde revela a complexidade das emoções humanas sob a égide do poder e da moralidade do seu tempo. Com uma linguagem elegante e detalhada, o autor mergulha na vida de Madre Paula e da corte onde tinha mais influência que a própria rainha. A prosa fluida e repleta de nuances permite ao leitor sentir a intensidade desta relação, tanto para os próprios, quanto para os que os rodeavam. Com um novo prisma, o livro retrata uma época marcante da nossa História e destaca-se pela delicada construção dos personagens, alguns até bem conhecidos, que iniciaram a sua ascensão para o poder nesta altura, com a influência destes protagonistas. Com um ritmo que oscila entre momentos de delicada subtileza e episódios de tensão crescente, o autor conduz-nos por uma trama repleta de interesses, paixão e intrigas palacianas. 


"A rainha sempre se entregou por dever. Ao rei, ao casamento, ao reino, à tradição, não importa. O amor, eu descobri-o com Paula e a criança é fruto desse amor." 


Contada ao filho e herdeiro do rei, quando este se encontra no seu leito de morte e a única coisa que sai da sua boca é o nome de Paula, são alternados os momentos presentes com os relatos do passado. É assim que o jovem príncipe fica a saber que por trás das aparências de respeito e moralidade, podem existir paixões secretas e conflitos profundos, mesmo que se seja um monarca grandioso como o seu pai pretendeu ser. O autor explora, assim, as tensões entre os valores morais e as imposições da corte, evidenciando as limitações impostas às mulheres e as condições de vida na época, além de refletir sobre a influência do poder real e eclesiástico na vida pessoal e espiritual das figuras históricas. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre o outro Madre Paula 


A obra evidencia aspectos muito positivos, como a riqueza dos personagens e a pesquisa histórica. A figura da mais famosa freira de Odivelas é apresentada de forma complexa e convincente, revelando as suas emoções, dilemas e a sua trajetória de forma sensível. O enredo é envolvente e bem construído, conseguindo equilibrar elementos históricos, que são do conhecimento geral, com elementos ficcionais que ajudam a colmatar o tanto que não sabemos, apenas imaginamos acerca desta figura fascinante e do mundo em que viveu e que construiu para si. Como sempre acontece, fiquei com ainda mais curiosidade sobre esta história de amor pouco ortodoxa, sobre esta mulher que quase foi apagada da História e, com uma nova visão apresentada no livro, outras possibilidades se abriram sobre o que terá realmente acontecido para se aproximarem e, depois, para se afastarem, ainda que os relatos sejam unânimes a afirmar que o seu nome esteve na boca do rei até à hora da morte. 


"Não há dia em que não pense nele ou que não reze pela sua alma, mais talvez do que a sua legítima mulher alguma vez terá feito. Não há dia em que o meu coração não morra um pouco pelas saudades." 


No geral, esta foi uma leitura deliciosa, que soube a pouco, e que pode muito bem ser a porta de entrada para quem quer saber mais sobre este período histórico, sobre este reinado, sobre este casal invulgar e sobre o legado de ambos por onde passaram. É aqui possível perceber o ambiente da corte e do Mosteiro de Odivelas, sentir as tensões, os jogos de poder, as influências que se procuram exercer, mesmo quando os sentimentos parecem ser verdadeiros. Claro, que os fãs de romances históricos também vão aqui encontrar uma obra interessante e quem sabe um novo autor favorito. Pela minha parte, vou ficar com este autor debaixo de olho e estou muito tentada a ler a sua série sobre D. Sebastião, logo que seja possível. 


Mas agora quero saber a tua opinião! Já conhecias este livro e este autor de romances históricos? Gostas deste género literário? Qual a época histórica que mais te fascina? Conta-me tudo nos comentários! 


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Wook | Bertrand 

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Top 7 Provas Cegas - The Voice Kids Portugal | Season 6

 

Microfone antigo prateado, símbolo clássico das provas cegas do The Voice Kids Portugal, representando o momento de surpresa e talento oculto na Season 6.

Se és fã do The Voice Kids Portugal, como eu, certamente aguardaste com entusiasmo cada fase desta emocionante sexta temporada. Claro que uma das etapas mais aguardadas deste formato são as provas cegas, momentos em que os mentores precisam focar-se apenas nas vozes, sem influências visuais. Mais uma vez, o tanto revelou-se nestas audições e proporcionaram emoções intensas tanto para os participantes quanto para o público. Como vem sendo hábito por aqui, hoje venho partilhar o meu top 7 de Provas Cegas desta última temporada, que ficou marcada pela intensidade, técnica e emoção destes jovens talentos. 


Buy Me A Coffee

Antes de passar ao ranking da vez, quero deixar registadas algumas observações. Primeiro, o painel de mentores, com algumas estreias, e que se revelou muito interessante como um todo. Desta vez, achei que o fado marcou pouca presença, para o que vem sendo hábito, mas, em contrapartida, a cultura musical destes miúdos não deixa de me surpreender. A nossa Simone, por exemplo, sempre aparece em todas as edições, acredito que como uma herança passada de avós para pais e filhos, e talvez também influenciados pelos mentores em fases mais adiantadas do concurso. Mas desta vez tivemos candidatos a escolher músicas dos Beatles, do Sinatra, do Elvis e até do Nat King Cole para se estrearem neste formato. Seja influência familiar ou apenas descoberta individual, é uma agradável surpresa perceber que a boa música nunca será esquecida. Por outro lado, temos artistas nacionais a fazer muito sucesso entre as crianças, como o Fernando Daniel e a Carolina Deslandes, que nos assegura que a música nacional continuará de boa saúde e o cantar em português continuará a ser uma opção válida. 


Agora, prepara-te para reviver estes momentos incríveis e descobrir quais as apresentações que conquistaram o meu coração nesta temporada cheia de surpresas! Conto contigo? 


1. Francisca Queiroz - Equipa Cuca

Uma voz doce, controlada e afinada, com uma sensibilidade notória em cada nota e um bom gosto nas escolhas melódicas que fez nesta interpretação de Sara Tavares. Aliás, a própria escolha da música já demonstra bem essa sensibilidade. Não é à toa que virou quatro cadeiras e que chegou às semifinais da competição. 



2. Rúben Correia - Equipa Cristovinho 

Por falar em escolhas inusitadas para jovens, o Rúben apresentou-se na Prova Cega a cantar Frank Sinatra e parecia gente grande. A dicção, o timbre e a própria postura do concorrente prenderam-me, e aos quatro mentores, e compreendo perfeitamente porque foi um dos finalistas desta edição. 



3. Beatriz Faria - Equipa Piçarra 

Há três anos, o The Voice Kids recebeu uma menina fofinha, muito afinada, que virou uma cadeira. Agora, voltou uma jovem poderosa, que virou quatro cadeiras, capaz de conquistar o seu lugar até às semifinais. É o que se pode chamar uma verdadeira evolução, fruto da dedicação e esforço de alguém que parece saber o que quer e o que vale. 



4. Matilde Azevedo - Equipa Nena

A Matilde participou da mesma edição da Beatriz e, tal como agora, virou três cadeiras. Mas agora, crescida e com uma voz linda, conquistou um Super Passe que a levou directamente às semifinais, muito merecidamente, e foi finalista na última volta da competição. Um percurso muito bonito e memorável. 



5. Tomé Barros - Equipa Cuca

E miúdos que tocam instrumentos? Também temos! O Tomé toca piano quase tão bem quanto canta e conquistou os quatro mentores com a sua actuação tão especial. Sem extravagâncias, sem adornos, apresentou uma música de Jorge Palma, com uma mensagem poderosa e que revela o menino sensível que deve ser. Não passou nas batalhas, que a concorrência era forte, mas quem sabe no futuro não regressa para nos conquistar de novo? 



6. Afonso Mendes - Equipa Cristovinho 

Cantar Queen é sempre um risco, porque as expectativas são altas e é preciso muito talento para fazer justiça ao original, sem que, ao mesmo tempo, se caia na simples imitação. Mas o Afonso conseguiu fazer uma apresentação eletrizante, que contagiou o público e fez virar duas cadeiras. Não passou das Batalhas, mas o seu talento é inegável. 



7. Maria Vinagre - Equipa Piçarra

Em 2024, a Maria de 12 anos apresentou-se ao The Voice Kids e, mesmo com um timbre lindo, não conseguiu virar nenhuma carreira. Passado um ano, parece uma mulher, com uma actuação original, segura e que nos prende do princípio ao fim. Virou as quatro cadeiras, conquistou um super passe para as semifinais e foi uma das finalistas da segunda ronda. A evolução é chocante, passado tão pouco tempo, e só posso dizer que parecia uma adulta a cantar, melhor até do que muitos dos que se apresentam no The Voice regular. Se isto não é amor à música, não sei o que será, mas acredito que ainda vai dar muito que falar. 



Agora, temos de falar da vencedora, Inês Gonçalves, que conquistou o prémio e a primeira vitória na estreia do seu mentor, o Miguel Cristovinho. Esta miúda é outro caso sério de talento absurdo, com uma voz madura, que parece mesmo o duma adulta, e com uma forma de cantar que transporta todo o Alentejo, algo raro de ver em mulheres, pelo menos, tanto quanto sei e tenho visto. Apesar de ter gostado muito de outros concorrentes, considero que foi uma vitória justa e muito merecida, por toda a qualidade que entregou ao longo de toda a competição, mas também pela Prova Cega que marcou a sua estreia no programa. Quanto a esta edição, só tenho mesmo um reparo a fazer, pois reparei que não foi dada a oportunidade aos finalistas de cantar com alguém convidado, como acontecia antes. Senti falta e acho que empobrece o formato. Espero que não seja uma fórmula para continuar, porque acredito que os jovens só ganham por conhecer e trabalhar com outros artistas, para além dos mentores, claro. 


Inês Gonçalves, vencedora da Season 6 do The Voice Kids Portugal, ao lado do seu mentor, Miguel Cristovinho, segurando orgulhosamente o troféu da competição.

Após esta análise, fica evidente que cada artista trouxe uma energia única e um talento excepcional para o palco do melhor programa de talentos deste país. Além de mostrarem vozes surpreendentes, estas crianças ainda demonstram a sua coragem e paixão pela música, tornando cada prova uma experiência emocionante para os espectadores. Mais uma vez, fica demonstrado que o futuro da música portuguesa está em boas mãos, com jovens artistas que se destacam pelo talento e pela dedicação. Chegada ao fim de mais uma edição dos Kids, temos o Gerações para aquecer os ânimos enquanto o The Voice Portugal não recomeça com mais uma temporada que promete ser memorável. 


Agora, quero saber o que tens a dizer sobre esta última edição do programa? Acompanhaste o The Voice Kids? Qual o teu concorrente favorito? Gostas desta rotatividade de mentores? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 


Vê também o meu Top 7 das edições anteriores: 


Kids Season 2 

Kids Season 3 

Kids Season 4 

Kids Season 5

Season 2 

Season 3

Season 4 

Season 5 

Season 6 

Season 7 

Season 8 

Season 9 

Season 10 

Season 11 

Season 12

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